Estive semana passada em Caxias do Sul e Bento Goncalves. O clima mais fresco e as vinículas da região me permitiram esquecer um pouco deste calor e da falta de água.
Fui conhecer a Boscatto em Nova Pádua (perto de Caxias) e rever todo o vale dos vinhedos onde eu não ia faz muito tempo. Existem boas opções de hospedagem na região. A Valduga inclusive criou uma pousada que, dependendo da ocasião, inclui no pacote a colheita da uva e outras atividades relativas à fabricação do vinho. Eles tem também um bom restaurante e foram criadas outras opções gastronomicas dentro do vale. Não dá vontade de sair de lá.
Em Bento Gonçalves, o vale dos Vinhedos é obrigatório. Se não der prá visitar todas (nunca dá…) recomendo Don Laurindo (que tem o requinte de ter pequenas parreiras com as diversas uvas que utiliza só pra a gente ter o prazer de degustar no pé), Casa Valduga, Cave de Pedra (mais por causa das instalações), Marco Luiggi e, claro, Dom Candido, onde a simpatia das vendedoras torna impossível não comprar ao menos uma garrafa. Num dos dias que estivemos lá almoçamos no Restaurante Mamma Gema. Requintado…e caro! O restaurante Maria Valduga (dentro das instalações da Casa Valduga) nos pareceu uma opção melhor.
Pode ser impressão minha mas os vinhos estão cada vez melhores. Além dos vinhos de sempre mais conhecidos (merlot, caberbet…), pude provar alguns varietais novos (ou pouco produzidos) que valeram a pena. Alguns produtores estão fazendo vinhos com Touriga Nacional mas a grande novidade (ao menos prá mim) são os vinhos feitos com Barbera, Arinarnoa e Marselan que eu ainda não tinha provado. Don Laurindo, Dom Candido e Marco Luigi continuam com um pessoal simpático no atendimento. Fui bem atendido na Boscatto também, tanto na loja de Caxias como na vinícola em Nova Pádua. Vai um destaque para as vinículas mais novas como Almaúnica e Angheben mas que ainda carecem melhorar o atendimento. Destaque negativo vai para a Cave de Pedra que virou mais uma butique do que uma vinícula. O atendimento despojado de antes não existe mais, além do fato de que pararam de fazer os varietais mais interessantes que eles tinham como o Ancellota e incluiram um assemblage de alto custo que já tinham me alertado que não valia o preço. A Valduga também sofisticou um pouco seu atendimento mas ainda vá la… ao menos continuam com novidades (como o Arinarnoa).
A maioria das vinículas estão cobrando pela degustação (entre 10 e 20 reais). Pode parecer antipático mas não é pois agindo assim eles podem incluir melhores vinhos na degustação, além do fato de que se você comprar algum vinho, esse valor é abatido. Algumas cobram também pela visita às instalações (esse não é reembolsável) mas praticamente todas usam o mesmo sistema de fabricação então se você viu uma, viu todas.
Na Marco Luiggi iria acontecer um casamento (coisa comum atualmente nas vinícolas da região que alugam seu espaço para esse fim) e parte da decoração era com cachos de uvas in natura (é época da colheita por lá). Nem precisei “chorar” muito para conseguir alguns cachos de merlot que estavam puro mel. Aliás, ir nas plantações de uva de mesa e escolher cachos no pé é comum por lá, a um custo de 3 a 4 vezes mais barato do que a gente encontra nos supermercados daqui.
O único problema ainda é o preço dos bons vinhos. Por conta de impostos que os produtores brasileiros pagam (que os chilenos, por exemplo, não pagam) a conta fica mais salgada do que ir no Pão de Açúcar abastecer a adega. Porém o prazer de estar ali na fonte do produto é muito maior.
Ir a Bento Gonçalves pode não ter o mesmo glamour que visitar vinhedos europeus mas acho que não fica a dever às regiões do vinho da Argentina ou mesmo do Chile.
– Em Caxias do Sul vale a pena visitar o Chateau Lacave (um castelo ao estilo medieval). A vinícola não está mais lá mas o castelo foi preservado e é muito bacana. A visita é paga (inclui degustação) mas realmente vale a pena. Eles tem um bom restaurante lá.
– Próximo a Caxias fica a cidade de Nova Padua, onde fica a Vinícola Boscato. Nova Pádua é pequena mas bem estruturada para turismo. Você pode pegar um mapinha e visitar alguns lugares bacanas na região. Alguns acessos são por terra, outros asfaltados. Um desses lugares que se chega por via asfaltada é o Belvedere Sonda. Tem uma pequena lanchonete e loja de souvenirs mas a vista de um trecho do vale do rio das Antas é o que vale a pena. Infelizmente quando chegamos lá estava começando a chover então as fotos ficaram prejudicadas. Com uma diferença de não mais que um minuto, uma névoa foi cobrindo o vale (ver as fotos 1 e 2).
– Saindo de Bento Gonçalves, fomos para Veranópolis para conhecer o restaurante giratório Mascaron no Mirante da Serra. Fomos surpreendidos pelo fato de estarem em férias coletivas. Fico imaginando quem teve a brilhante idéia de dar férias coletivas em época de turismo ainda em alta. Poderiam fazer isso em abril ou maio. Mas enfim…a viagem não foi perdida. Passamos pela ponte de arcos Ernesto Dorneles sobre o rio das Antas e, próximo a Veranópolis, no alto da Serra, pudemos parar no Belvedere Espigão e admirar a vista dali de cima, inclusive se vê parte das instalações da Usina hidrelétrica de Monte Claro.
Comentários