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Sul da Alemanha. Região do lago Konstanz e Munique. Reportagem de Renato Bock 

Convidados a um casamento na região do Lago Constança (Bodensee em Alemão) no extremo sul do país, na região da Baviera conseguimos alguns dias para viajar por lá. O lago tem 536 km² e é o terceiro maior da Europa central. Ele banha 3 países: a Áustria, a Suíça e a Alemanha. O Rio Reno passa pelo lago e suas margens foram formadas por sedimentos vindos dos Alpes. Apesar de não haver precisão de que parte do lago pertence a cada país, isso não é motivo de disputas ou pelejas. A cidade de Konstanz, por exemplo, é uma cidade alemã que fica do lado suíço do lago.

E foi por lá que chegamos. No aeroporto (Flughafen em alemão) de Zurich (Suiça) há um mercado de orgânicos onde compramos um queijo orgânico de leite cru e fermentação natural, presunto cru e um pão de levain. Embarcamos no trem e, entre o melhor queijo da vida e uma paisagem suíça, em uma hora e meia chegamos a esta cidade turística. O ticket para o trem foi comprado na hora e por isso pagamos um pouco mais. Mas é possível comprar na internet.
Não tivemos muito tempo para explorar a cidade de 85 mil habitantes, que é a maior da região. Como já estávamos viajando fazia 24horas só conseguimos encontrar o primeiro bar disponível e tomar nossa primeira cerveja bávara. Seguimos para nosso AirBnb em Ludwigshafen (Hafen = porto). O apartamento da família Maucher Campos é ótimo. Na cidade a coisa é caminhar pela beira do lago ou alugar uma bicicleta. Conhecemos um restaurante chamado Blauer Affe (Macaco Azul) que nos serviu uma comida bem típica (aspargos, presunto cru e batata) a preços plausíveis.
Sediados nesta cidade fizemos passeios pela região durante alguns dias. Fomos a Meesburg . Nesta cidade era realizado uma parte do casamento. No restaurante Zollhaus serviam-se espumantes e vinho branco da região e um prato chamado flammkuchen bem típico. Se estiver na região procure come-lo. É como uma massa de pizza fina, queijo feta e algum embutido por cima.

Na cidade há alguns passeios imperdíveis. Claro que a melhor coisa é caminhar pelo burgo e descobrir seus próprios passeios prediletos mas visitar dois dos castelos não pode faltar. Vais ver muitas construções em estilo clássico alemão (Enxaimel). São vigas de madeira preenchidas com tijolos ou taipa.

  

O Neueschloß (Neue = Novo e Schloß = Castelo [se diz Xlós]) data do século XVIII e foi arquitetado por Balthasar Neumann constituindo uma importante peça do barroco contemporâneo.

O Alte Burg (Alte = antigo) é o castelo antigo. Datado do século VII ele foi construído pelo rei Merovíngeo Dagoberto I. Foi lá onde morreu a poetisa Annette von Droste-Hülshoff que escreveu um dos primeiros romances policiais conhecidos. O livro se chama Die Judenbuche (A Faia do Judeu).
Ao caminhar pelas ruas estreitas e de calçamento antigo não deixe de reparar no Moinho do castelo (Schloßmühle) . Uma construção exuberante que ainda funciona.
Há também o museu do Zeppelin pois foi na região onde sua engenharia foi concebida. No entanto, o museu de Friedrichshafen é maior e mais completo.

Alguns dias depois a exploração ganhou escala e seguimos para Friedrichshafen a 50km dali.

Nesta cidade foi onde Ferdinand Von Zeppelin se estabeleceu no século XIX e construiu o dirigível. Futuramente, a cidade empregou muitos prisioneiros dos campos de concentração em sua indústria e tinha grande importância para a economia nazista. Em 1944 foi bombardeada pelos aliados e destruída. Dizem que há diversos túneis subterrâneos pela cidade construídos pelos nazistas para proteger a produção durante os ataques aéreos. A partir de 1950 foi reconstruída. Nos parques há placas com muitos e muitos nomes de pessoas que ali morreram durante a guerra.

Comemos na Bäckerei Schwarz, uma franquia de padarias gostosas e aconchegantes.

Margeando o Lago pela margem norte fomos a Unteruhldingen e se você acha difícil pronunciar o nome da cidade, tente falar o nome de sua atração principal: pfahlbauten .

É um museu a céu aberto que reconstitui a vida dos habitantes da região entre a idade da pedra e a idade do Bronze. O museu reproduz fielmente a vida sobre palafitas de entorno de 2.000 AC. Foram descobertas estacas subaquáticas e a partir de estudos sobre elas foram erguidas as reproduções das casas e das passarelas sobre a água. O museu é ótimo. Muitas informações sobre historia e uma estrutura muito legal que contém vídeos sobre a vida dos habitantes mas também sobre a pesquisa que é feita sobre os vestígios.

Como a região é exposta e bem diante dos Alpes, quando o tempo fecha a temperatura despenca bruscamente e venta muito. Leve um anorak. Não aceitam cartões.
Seguimos viagem para Lindau, um balneário turístico e lotado mas sem deixar de ser lindíssimo.

 

A ilha é a parte histórica da cidade e há muitos passeios e restaurantes pra conhecer. O Portal onde estão o farol e o leão da Bavária com os Alpes ao fundo do outro lado do lago formam uma das paisagens mais belas da viagem.
Alí se pode subir até o farol por um preço simbólico. Mas há de se ter disposição pois é preciso ir por uma escada em caracol de madeira onde muitas vezes encontra-se gente descendo e não cabem dois seres humanos. Há de se ter jogo de cintura para decidir quem retroage. Há pequenos intervalos a cada lance de escada para um pequeno descanso.
Uma das coisas mais interessantes que vimos é uma série de placas com mapas na baía à frente do farol/leão demonstrando como era representada e mapeada a localidade desde o século IX.

Nesta mesma praça está a torre da Rapunzel
 

Nesta cidade vimos algo muito típico da região que são as paredes externas das construções adornadas com pinturas que simulam tridimensionalidades e enfeites rococós.

O Altes Rathaus (Altes = Antigo e Rathaus = prefeitura) é um exemplo disso. Por isso vale ficar perambulando pela cidade e observando esta arte diferente. O prédio foi construído entre 1422 e 1436 em estilo gótico e adaptado de 1536 a 1578 ao gosto renascentista. 

 
Seguimos viagem nos afastando do lago Constança. A viagem foi rápida pois pela A7 (Autobahn) não há limite de velocidade. Assim, é possível desenvolver 200km/h sem perder a segurança. Chegando a Füssen e ao procurar alojamento nos deparamos com uma ideia muito interessante. Como é uma cidade turística as pessoas hospedam gente em sua casa ou mesmo transformam sua casa em hospedarias. Aí há uma plaquinha na porta informando se é uma casa que aceita hóspedes e se a plaqueta está no verde é porque há vagas. Se estiver no vermelho é por que está esgotado.  

(Gäste = Hóspede e Zimmer = Quarto)
Nesta cidade encontramos a melhor hospedagem que ficamos. Pode procurar Haus Rosël e fale com a própria Rosël, ou sua filha Julia, que vão te receber muito bem!

Alí a indicação é um restaurante croata no centro histórico chamado Schwanen. Comida pesada mas ambiente gostoso apesar de não aceitar cartões.

A partir de Füssen fomos visitar o Schloß Neuschwanstein . Fomos de carro e depois pegamos o ônibus para subir até o castelo. No entanto é possível fazer o passeio com ônibus turísticos e até mesmo de charrete. O lugar é muito turístico e chega a receber 1,3 milhões de visitantes em um ano. Ainda bem pois foi só quando abriram ao turismo que o estado da Baviera pode pagar a incalculável divida adquirida pelo rei Ludwig II da Baviera para sua construção no século XIX.

O Rei concebeu o castelo baseado nas obras do compositor Richard Wagner. Escreveu ele em 1868: “É minha intenção reconstruir a ruína do velho castelo em Hohenschwangau, próximo do Desfiladeiro de Pollat, no verdadeiro espírito dos velhos castelos dos cavaleiros alemães (…) a localização é a mais bela que alguém pode encontrar, sagrada e inacessível, um templo digno para o divino amigo que trouxe a salvação e a verdadeira bênção ao mundo.”

O castelo é realmente incrível e superlativo e chegou a ter mais de 300 empregados por dia circulando em seus corredores.

O passeio é organizado em grupos (escolhe-se a língua que fala o guia) e não se pode tirar fotos. Os salões são lindíssimos e muito rebuscados. O castelo teve o primeiro telefone do sul da Alemanha e também serviu de inspiração para Walt Disney criar o castelo da Cinderela.

Não deixe de ir à ponte construída entre as formações rochosas para vista mais linda da edificação.

 

 

Saindo de Füssen fomos para as cidades de Garmisch-Partenkirchen . Estas cidades se irmanaram para realizar os jogos de inverno de 1936 e nunca mais se separaram. A cidade ferve no inverno (com o perdão do infame trocadilho) pois se torna uma importante estação de esqui.

A partir dela se pode visitar o Zügspitze (zugs = trem e spitze = pico). Com 2.962m é o pico mais alto da Alemanha. O passeio foi o mais caro de toda a viagem custando € 53,00 por pessoa. No entanto o parque é muito organizado e te dá todas as informações que você precisa antes de gastar esta pequena fortuna. Uma tela mostra a temperatura, o vento, previsão pras próximas horas e até mesmo câmeras que revelam o que você verá lá em cima (ou não verá) dependendo do clima. Uma placa na entrada do complexo também informa como se pode subir naquele dia. Há dias em que o teleférico não está funcionando por causa do vento.

Além da vista e de ver a neve há um café com bebidas quentinhas para o turista.

Ao descermos da montanha nos dirigimos para o ultimo destino da viagem: Munique. 

No caminho paramos na cidade de Oberbraudort onde havia um outlet da Birkenstock. Não saia da Alemanha sem o seu!

A terceira maior cidade do país nos revelou ser multiétnica e com uma presença árabe muito forte. Muitas opções culturais e muita bicicleta.

No primeiro dia visitamos a cidade vizinha de Dachau onde está localizado um memorial ao campo de concentração que lá foi estabelecido. Na década de 1930 era uma prisão comum mas foi transformado em campo quando os nazistas estavam no poder ao eleger 2/3 dos representantes no Reichstag. Foi o primeiro campo do complexo sistema de campos criados pelo regime de Hitler. Neste campo foram registradas muitas experiências com humanos. Foram registradas 32 mil mortes neste que foi um dos últimos campos a serem liberados. A visita é pesada e triste. No entanto necessária para que não incorramos em outras armadilhas da história como o nazismo. Logo na entrada os dizeres: Arbeit macht frei (o trabalho liberta). Em seguida depara-se com uma escultura em várias línguas onde se lê: NUNCA MAIS!

A pesquisa histórica e a riqueza de detalhes da exposição são impressionantes. Vale a pena passar ao menos um período na localidade. Em tempos de intolerância global é imprescindível conhecer estes lugares onde estampa-se na sua cara o que a bestialidade humana pode nos causar. O sitio é gerido por uma comissão de sobreviventes e logo na entrada há uma plaqueta informando que não se tolera manifestações de nenhum tipo e exige-se o respeito aos que ali morreram.

Este campo recebeu muitos prisioneiros na parte final da guerra pois com os ataques dos aliados ao norte os nazistas transferiam os prisioneiros do norte para o sul do seu sistema de mais de 100 campos. O campo chegou a ter 30 mil presos em um espaço criado para 6 mil.

O campo também serviu de local para treinamento de soldados da SS.
A visita é de graça.

Em seguida fomos visitar o estádio do Bayern de Munique. Passeio interessante mas que deve ser melhor ainda em dias de jogos.

Há muitos e muitos hotéis e hostels na cidade e indicamos o Hotel Italia. Localizado em área central de onde se poder fazer quase tudo a pé e os preços são plausíveis.

Em outubro, na época da Oktoberfest a cidade fica lotada mas fora dessa sazonalidade se pode fazer tudo com muita tranquilidade. Há transporte para todos os cantos.

Além do campo e do estádio conhecemos um ótimo restaurante italiano chamado La Vecchia Masseria. Ambiente charmoso e atendentes antipáticos formam a atmosfera para ótima massa e vinho.

Fomos a duas cervejarias. A mais famosa taberna é a HofBräuhaus . No entanto, a que mais gostamos foi a Augustiner Bräu (até por que foi na primeira que Hitler lançou os 25 princípios do nacional socialismo). Cervejaria de 1328 tem como carro chefe a Lagerbier Hell. Paga-se € 2,75 por meio litro de cerveja e ainda se pode comer comidas típicas da Bavária e um delicioso Apfelstrudel. O ambiente é descontraído e há mesas enormes e coletivas. A cerveja segue sendo servida a partir de toneis que são abertos na hora. Não aceitam cartões.

 

Outro passeio importante é conhecer o Olympiapark onde ocorreu a olimpíada de verão de 1972. Por aqui dedique-se a caminhar pelo parque.

Então passamos aos museus. Os mais interessantes são as pinacotecas. Há a Neue Pinakothek a Pinakothek der Moderne e a Alte Pinakothek. Todos próximos. Pode-se visitar os acervos completos em um dia e meio. Na Alte (Alte = antigo) obras do século XIV ao XVIII e pinturas monumentais. Podemos ver Raphael, Rubens, Albrecht Altdorfer, Leonardo da Vinci, Rembrandt, Murillo, etc
 

Na Neue (Neue = novo) se pode ver obras dos séculos XVIII e XIX e o acervo conta com Monet, Van Gogh, Klimt, Manet, Degas, Cezanne, etc.
E na moderna, obras dos séculos XX e XXI podemos ver Dali, Paul Klee, Picasso e tantos outros. Todas contam com lojinha interessante (destaque para as meias com estampas dos quadros) e cafés.

Não se pode deixar de visitar a Neue Rathaus na Marienplatz e ver o show do relógio quando bate as 17:00.

O edifício é absolutamente impressionante e gótico.

 

Lojas para ir em Munique

Para interessados em música vá na loja Heiber Lindberg . Se buscas coisas pitorescas vá à Manufactum . Brinquedos vá à Obletter . Mais afastado da cidade se pode ir à Ikea.

 

Perrengues: Pegamos um início de verão atípico e todas as casas e estabelecimentos estão preparadíssimos para um inverno rigoroso mas não para um verão tropical. Não há lugares com ar condicionado e as casas tornam-se verdadeiros assadouros.

Também tivemos dificuldades com a língua pois não é simples utilizar o inglês como em capitais .

Habilitar um chip de telefone não foi nada fácil e também há muitas dificuldades para utilizar o wifi dos lugares. A maioria deles exige um login e obviamente só se consegue este login, por um tempo limitado e se você consumir alguma coisa.

Em alguns lugares, mesmo os turísticos, nos deparamos com a situação de não aceitarem cartões ou de aceitarem somente cartões alemães.

Os estacionamentos só têm máquinas em alemão e elas só aceitam moedas.

 

 

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